quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não queremos bananas

E o povo fazendo carão
Com a banana na mão
Será que entendem a condição
Dos pretos?
Será que realmente se perguntam:
E eles?
O que é que eles têm nas mãos?

Merecemos hashtag em que situação?
Nós somos todos iguais?
E os outros, o que é que eles são?
Não são tão bonitos nas fotos do instagrão?

"Somos todos macacos"
O que causa incômodo
É ninguém ter questionado a expressão
É tudo uma questão de reprodução

Politicamente corretos
Mas sempre escorregam na própria casca
Jogada no chão


segunda-feira, 14 de abril de 2014

sobre o amor e outras coisas

Se eu fosse homem também me apaixonaria por mim. Aliás, eu já sou apaixonada por mim. Faço o meu tipo. Sou bonita, irritante e tenho senso de humor.
Não gostei de quase ninguém nessa vida... Devo ter amado uns 4, posso contar. O primeiro foi aquele loirinho do pré, meu amor acabou quando eu tava no balanço e ele veio me pedir pra eu sonhar com ele, pra mim amor aos cinco anos só servia se fosse platônico. O segundo foi o Gil, que eu só amava porque não conhecia, se eu conhecesse, com certeza, não amaria, mas foi bonito porque passei um tempão amando alguém que eu imaginava, tipo um namorado imaginário. O terceiro foi o André, que eu só amava porque conhecia bem, mas também nunca disse que amava, foi um amor descompassado, quando eu o amava, ele não me amava, quando ele me amava, eu não tinha certeza, fomos ex-namorados sem nunca ter namorado. E, finalmente, o quarto foi o Rafael, típico amor de novela, um casal que não tem nada a ver, nunca dá certo e no final casa. De resto ou foi tensão sexual ou frustração do que poderia ter sido, mas na verdade nunca seria.
Todos se apaixonaram por mim, eu sei muito bem, porque não é difícil se apaixonar por um cara como eu. Elas sempre achavam que eu estava sentindo alguma coisa diferente, que minhas atitudes eram um sinal, mas, na verdade, eu só queria me divertir e conhecer novos corpos e ideias. Eu não sei porque, mas o Rafael sempre diz que odeia esse meu lado, deve ser porque quando eu o conheci me comportava assim.
Sempre demoro pra entender e aceitar que estou amando alguém, mas também não tenho problema nenhum em assumir, nem em me declarar, sou como todos os tontos que conheci, boba e apaixonada.
Como é legal ser tonto e bobo, tão legal quanto ser esperto e desapegado. Como é sensacional ser tudo junto, amar, desamar, chorar e rir.
Posso amar mais seis coisas só pra dar dez. Em quinto amo a vida, em sexto suas aventuras, em sétimo as desventuras, em oitavo eu mesma, em nono minha boca e em décimo minha inteligência.
Em décimo primeiro amo escrever, só pra me contrariar e dar um a mais que dez.
Prefiro ímpar.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

pra toda regra, existe uma exceção

Ando percebendo que as pessoas agora tem protocolo pra viver.Agora não, acho que há muito tempo, na verdade.
Dizem "case-se". Mas case-se com tal idade, com tal pessoa, que tem tal emprego, more em tal lugar, compre estes móveis, tenha tantos filhos, ou não tenha filhos, não faça tatuagem, não beba demais, adquira conhecimento que dê dinheiro, trabalhe para ter status, ame pouco para não parecer bobo, seja, esteja, viva da maneira correta. "Comporte-se".
Tem receita pra tudo, pra bolo, pra namoro, pra ter cachorro. Todo mundo tem deveres e direitos, que mais parecem consequências previamente planejadas dos deveres.
Se você não segue as regrinhas (intituladas como conselhos ou ensinamentos) que levam direto à confortável vida feliz, você pode (olha só que perigo!) sofrer, chorar, frustrar-se e passar por outras milhares de coisas ruins, que eu, ingenuamente, um dia achei que fizessem parte de uma vida bem vivida.
Te chamam de azarado, imaturo, rebelde e até mesmo de burro se você não sabe ser feliz do jeito que se deve ser ou que todo mundo é. Que fique bem claro: seja feliz, mas do jeito certo.
O que eu queria dizer é que isso tudo é um saco. De onde veio esse jeito certo? Essa sistematização? Essa cartilha de vida boa? As pessoas podem ter tudo bem planejado e serem felizes seguindo a cartilha (e na maioria das vezes não são), mas isso é tudo MUITO chato! Vim ao mundo para aprender, é claro, mas nada me impede de experimentar o novo. Lá vou eu ser feliz do meu jeito!