quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Que não seja eterno enquanto dure

Uma das minhas grandes angústias é o "pra sempre". Tudo que envolve este desejo/sonho/sentimento me angustia, me chateia, na verdade me dá medo. Nunca soube lidar com  isso de "até o fim da vida".
No amor, tudo que remete a infinito me dá desespero, acho que quase ninguém sabe disso, faço o possível para que não desconfiem.  Mesmo que eu tenha encontrado a pessoa certa, mesmo que eu queira estar com ela todos os dias, mesmo que eu ainda não tenha tido real vontade de deixá-la, mesmo que eu ache do fundo do coração que ainda podemos descobrir um mundo juntos, dizer "até que morte nos separe" é quase violência pra mim, tenho pavor de pensar sobre isso.
O que eu vou ser para o resto da vida? Para o resto da vida? Ser obrigada a decidir isso é desesperador. Terminei a graduação e não quero nem exercer a profissão, pois um dos meus medos é que isso dure demais, me imagino dizendo: "Sou professora aposentada". Para o resto da vida professora. Não!
Todo mundo ao meu redor tem tatuagem, praticamente todo mundo que eu conheço tem lá sua marquinha... Minha tia de 60 anos vive com a ideia de fazer uma tribal no pé (?), e eu até hoje não tive coragem de fazer qualquer desenho que eu soubesse que iria ficar na minha pele até que eu morresse. Não foi pela dor, nem pelo medo de enjoar ou ficar feio, foi simplesmente pelo fato de pensar em perpetuar aquilo.
Não tenho, especificamente, aversão ao "pra sempre", mas ao "pra sempre" em minha própria vida, em mim. Esse desejo/sonho/sentimento que algumas pessoas têm em relação as suas vidas é uma das coisas que eu tenho verdadeira dificuldade. Talvez isso me prejudique e me bloqueie, mas minha alma não permite que eu aceite como algo normal.
Confesso que enxergo a beleza do tal "pra sempre", que enxergo a coragem que isso envolve, a probabilidade de dar certo, confesso que até gosto que outras pessoas se sintam assim. Gosto também de eternizar, mas prefiro pensar que não faço parte do eterno. O que eu quero, na verdade, é que tudo dure para sempre, mas sem que eu perceba.

toujours est trop pour moi

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Inerte

Há meses não sei o que escrever... Há meses eu simplesmente não sei. Não sei. É como se eu estivesse no modo automático todo esse tempo, ali, só vivendo sem saber. Ainda amo, ainda sinto, ainda choro, ainda rio, mas... sei lá! Perdi de vista as borboletas, não sei pra onde voar.
Nada me deixa pior do que uma situação que anula a minha criatividade e a minha vontade. Pior de tudo é que eu não sei nem o porquê, eu não sei nem pra quê eu ando me comportando assim.
Eu quero ensinar? Quero aprender? Quero viajar? Quero ficar? Quero virar hippie ou me casar e ter três filhos? Meu problema é querer tudo, tudo e ao mesmo tempo... Mundo, vasto mundo. Coração vasto demais.

Eu preciso me conformar que isso tudo é incerteza e insatisfação antes que eu me perca em eternas dúvidas e enlouqueça. Eu sou um pedacinho de nada.

Avante!